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É certo que algumas
vezes nós acabamos por "quebrar alguns galhos" executando tarefas
pelas quais não fomos contratados e nem somos pagos para fazer. É
certo também que sofremos pressões e caso não leiamos a "cartilha da
empresa" corremos o risco de sermos “trocados” por outro
profissional dito "pé de boi" e que está disposto a executar
diversas funções. O Técnico em Segurança do Trabalho não deve
acumular obrigações principalmente quando não tem nada a ver com o
objetivo principal que é a Segurança do Trabalho. O acúmulo de
tarefas põe em risco os funcionários colocando em cheque as ações
necessárias no combate aos acidentes de trabalho. A atividade do
profissional tem que ser livre de ingerências de toda ordem sob o
risco da atuação do técnico ser pífia na empresa.
Concordo plenamente
que o Técnico tenha que ser versátil, mas atuando na prevenção dos
acidentes de trabalho que é a prioridade principal. Na realidade o
que ocorre em algumas empresas é que o profissional acaba sendo
polivalente e não versátil e entendemos por polivalente aquele
profissional capaz de executar diversas tarefas.
A Portaria 3275
de 21 de Setembro de 1989, diz exatamente quais as
atribuições a serem executadas pelo Técnico em Segurança do
Trabalho, por esta razão é totalmente contraproducente utilizá-lo na
execução de tarefas “estranhas” à sua atividade, em outras palavras
é um desperdício.
A Indústria da
Construção Civil, por exemplo, é uma das maiores escolas para
atuação do técnico, pois, sabemos que muitas vezes os operários que
atuam nessas áreas (Peões de Obras) têm escolaridade muito baixa
além de promoverem grande rotatividade no setor. A troca constante
de emprego faz com que todo o treinamento seja perdido juntamente
com o tempo empregado para ministrá-los. A Construção Civil requer
muita atenção devido ao grande risco que envolve o setor notadamente
pela dificuldade de convencer os trabalhadores a utilizarem os
equipamentos de segurança individuais e coletivos. Alguns técnicos
que atuam nesse importante segmento são desviados para outras áreas
que nada tem a ver com a sua função, tais como: Segurança
Patrimonial, Motoristas, Apontadores, Office Boy etc. Para não
perder o emprego e ficar “queimado” no mercado, muitos colegas se
submetem aos caprichos desses empresários e acabam aceitando tais
condições, prejudicando assim todo o planejamento que tem como
finalidade a Segurança do Trabalho.
O desvio de função
é uma prática extremamente condenável em qualquer área, mesmo que a
geografia do emprego atual imponha aos profissionais a questão da
polivalência como fator essencial para manter-se no emprego, fato
que não encontra respaldo na Segurança do Trabalho que não deve ser
utilizada e nem pensada através dessa ótica.
Favores são comuns
entre amigos e familiares e se podemos fazer certas concessões para
as pessoas que amamos, podemos fazer o mesmo no local onde ganhamos
o nosso sustento, certo? Depende! O que devemos separar é o eventual
do rotineiro, jamais os quebra-galhos eventuais devem tornar-se
corriqueiros, isso não combina com a nobreza da profissão. Quem
quebra galho é macaco gordo e não Técnico em Segurança,
deixe-nos trabalhar, é muito melhor um profissional focado na sua
função do que tê-lo atuando em diversas frentes proporcionando
economia ao empresário, mas tendo como consequência o risco de
acidentes de trabalho na empresa. Já dizia a minha Avó: “Economia
é base de porcaria”.
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