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Fui
ao banco pagar uma conta de telefone e
enquanto esperava
para ser atendido fiquei
lendo aqueles
cartazes de propagandas dos serviços oferecidos pela agência
bancária. Depois de um
tempo observando, um cartaz em especial me chamou a atenção,
nele o banco estava oferecendo R$ 2.000,00 em empréstimo
consignado para ser pago em suaves prestações mensais, um total
de 60 meses ao valor de R$ 65,00 por prestação. Comecei a fazer
o cálculo só para ver quanto que o infeliz “cliente” teria que
pagar ao fim do prazo estabelecido – não foi muito difícil de
chegar ao montante final, pois quem tomar emprestado essa
quantia pagará quase o valor do empréstimo só de juros ou para
ser mais exato a bagatela de R$ 1.900,00, total após 60 meses R$
3.900,00 - isso porque é consignado, ou seja, aquele empréstimo
que é descontado direto no contracheque do tomador - só para
esclarecer, essa modalidade de empréstimo não oferece risco para
a instituição. Eu fico imaginando, se alguém tomasse por
empréstimo essa mesma quantia em outras modalidades de créditos
oferecida pelos bancos - quanto será que pagaria? Não! Melhor
nem pensar.
Um outro
detalhe me chamou a atenção, o anúncio trazia a frase: “realize
o sonho de quem você ama”, deveriam complementar a frase assim:
“Realize o sonho de quem você ama e fique com um belo pesadelo”.
Eu devo estar ficando besta ou sou o último dos espertos, porque
há muito tempo eu não empresto dinheiro de banco, estou para
dizer que pelo menos há uns 15 anos o banco não vê um centavo do
meu suado dinheiro com pagamento de juros – houve uma época em
que eu achava chique ter um monte de cartões de créditos na
carteira, cheques especiais etc, essa baboseira toda que as
instituições financeiras enfiam na cabeça da gente só para nos
escravizar e encher o cofre deles de dinheiro.
Esse episódio
me fez lembrar de como somos iludidos e mais ainda, de como os
nossos governantes são coniventes com bancos e financeiras - é
certo que ninguém é obrigado a emprestar nada de ninguém, mas se
alguém empresta algo e se submete a pagar juros absurdos é
porque não existe uma opção de crédito justa e barata. A
diferença do spread bancário é muito alta no Brasil – quando
você faz uma aplicação em um banco os juros pagos por eles são
ridículos, mas quando os bancos te emprestam algum dinheiro, os
juros cobrados são estratosféricos.
Quando eu
trabalhava em uma empresa, os funcionários se reuniam após o
almoço para jogar conversa fora e numa dessas conversas um amigo
me questionou sobre como eu fazia para guardar dinheiro, já que
ele tinha pelo menos quatro anos de firma a mais e não
tinha um tostão furado - não tive dúvidas, chamei meu colega
de lado, abri a minha gaveta e saquei uma planilha onde
registrava tudo o que eu iria gastar no mês e o que sobrava ia
diretamente para a poupança, fazia um esforço danado para não me
endividar com lojas – expliquei para ele que não existia mágica
alguma, era apenas um controle de gastos, coisa que ele não
fazia - pois não é que ele começou a fazer um controle rigoroso
de seus gastos e logo comprou um fusquinha.
Eu sempre fui
de economizar, ninguém me ensinou isso, aprendi sozinho, sempre
achei que devemos valorizar o que ganhamos e não sair por aí
gastando o que não podemos. O fato de ser rigoroso com minhas
finanças não me livrou de alguns infortúnios ou prejuízos em
negócios mal sucedidos, confesso que tive alguns – isso também
faz parte do aprendizado, porque nem sempre ganhamos.
Um outro
episódio que me lembrei, foi sobre um outro amigo que criticava
a minha forma de guardar dinheiro, já que a velha e segura
poupança sempre tinha a minha preferência e ele ao contrário
aplicava tudo o que sobrava em Dólar – eu não sou de me
influenciar pelos outros facilmente, mas também não sou
cabeça-dura e apesar das críticas, continuei com a minha forma
de economizar, foi assim que eu consegui comprar a minha
primeira motinha, uma CG 125/84 vermelha.
A minha
conquista não pareceu impressioná-lo, pois suas críticas estavam
cada vez mais ácidas - mesmo assim eu não me deixei abalar,
porque tinha certeza que estava no rumo certo - pois bem, tempos
depois troquei a motinha por outra um ano mais nova, uma CG
125/85 curiosamente também vermelha. Não demorou muito e troquei
novamente por outra moto, só que dessa vez não foi uma motinha e
sim uma CB 400 II/82, com dois freios a disco, uma verdadeira
máquina na época, e para não variar muito, continuei com a cor
vermelha. O sujeito só parou de me azucrinar quando eu comprei o
meu primeiro carro, um Ford Escort/84, só que esse era da cor
branca - até hoje continuo com o pensamento de que nunca devemos
gastar tudo o que ganhamos, é sempre bom reservar algum dinheiro
para eventualidades.
Não há segredo
para fazer economia, é só não gastar além da conta e não se
meter em empréstimos com juros
extorsivos
– foi apelando para o crédito fácil com prestações a perder de
vista que muito Americano faliu nessa última crise financeira. A
roleta russa do crédito sem controle é a ruína financeira de uma
pessoa – é muito melhor aguardar meses ou até anos para comprar
algo, do que ser imediatista e deixar-se vencer pelo apelo das
propagandas que estão por aí.
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