Pergunta enviada
por: Luiz
Sou recém formado e tenho fome de
informação, isso a cada dia dá motivação para superar os obstáculos
que todos os Técnicos em Segurança do Trabalho enfrentam. Eu até
costumo dizer que o profissional da área de Segurança do Trabalho
continua nesta grande motivação ou “pede para sair”.
Eu
trabalho em uma rede de supermercados onde uma das filiais é
comércio atacadista de produtos alimentícios. Nesta filial há um
pequeno posto de abastecimento de diesel que me preocupa muito sobre
os procedimentos de segurança, já que sou o único Técnico desta
imensa empresa.
Recentemente comuniquei ao diretor da empresa a necessidade de
nomear um funcionário fixo na bomba de abastecimento. O diretor me
falou que é prejuízo ter um funcionário exclusivamente operando a
bomba de abastecimento. Cheguei até dizer que o mesmo poderia ter
outras atribuições, porém a sua atividade maior seria o
abastecimento, mesmo assim não consegui convencê-lo. Diante desta
situação, o que devo fazer?
Resposta:
Você utilizou os argumentos necessários para
convencer o responsável pela empresa da necessidade de um
profissional para executar a tarefa de Frentista. Infelizmente há
uma visão do empresariado muitas vezes imediatista e pequena diante
das situações ligadas a Segurança do Trabalho, principalmente quando
envolve custos.
A
decisão final mesmo que desagrade ao Técnico em Segurança do
Trabalho, sempre é a do dono da empresa. A minha sugestão caso você
ainda não tenha feito, é emitir um comunicado interno à diretoria
da empresa indicando a necessidade desse profissional, deixando
claro que essa tarefa não deve ser executada por qualquer pessoa e sem
os conhecimentos ou treinamentos necessários. A presença de gases e
vapores nesses locais é um fator perigoso e que contribui
para acidentes.
Se uma pessoa que não tenha um treinamento específico sobre manuseio
e operação com combustíveis venha
executar essa tarefa, pode por em risco não só a própria vida mas
também a de todos no local de trabalho além contribuir para
prejuízos envolvendo
perdas materiais.
A Comunicação
Interna é um documento importante, pois torna oficial essa
solicitação e o representante da empresa não poderá alegar
ignorância sobre o tema. Apesar de toda a precaução tomada, não quer
dizer que o Técnico em Segurança do Trabalho vá se eximir totalmente
de qualquer culpa em caso de acidente, pois resta ainda a conduta do
profissional que é a informação. Essa conduta se for negligenciada,
poderá complicar a vida do Técnico.
Um
outro fator importante a ser observado é com relação ao número de
pessoas que executam essa tarefa diariamente. Vamos pensar
hipoteticamente que três pessoas se revezam para fazer o
abastecimento, se por ventura as três forem demitidas por uma razão
qualquer, todas elas poderão pleitear judicialmente o adicional de
periculosidade causando prejuízos com ações trabalhistas. Utilizando esse argumento, fica fácil de verificar
que é muito melhor preparar uma pessoa e deixar uma outra de reserva
também preparada e treinada, do que ter três ou quatro sem função
específica.
A bem da verdade
nós profissionais em segurança do Trabalho vivemos
“pisando em ovos” o tempo todo e somos com toda a razão, cobrados para sermos eficientes, o que não é demérito nenhum, pois
estamos cumprindo as
nossas obrigações. Muitas vezes lidamos com
situações como essas e temos que utilizar todo um “jogo de cintura”
para resolvermos assuntos que já deveriam estar de forma clara e
consciente na cabeça de quem dirige uma empresa.
Caro amigo Luiz,
resta a você tomar as suas precauções, ficar vigilante e procurar
instruir a pessoa que vai realizar a tarefa de abastecimento de
combustível na empresa, fornecendo-lhe
treinamentos e orientações além da sinalização adequada do local
para evitar acidentes de trabalho.
Um
grande abraço pra você e boa sorte.
Valdeci Teófilo Ribeiro
- Técnico em Segurança do Trabalho
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