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Na hora eu me lembrei do nosso gato Charlie, talvez pelo motivo da minha família ter tido vários gatos com esse nome, e embora tivéssemos outros animais, foi ele que veio à mente. Reza a lenda que o gato possui 7 vidas, quem sabe meu subconsciente tenha me dito que eu precisaria de todas elas para sobreviver naquela entrevista.

 

O grande problema em responder as perguntas numa entrevista de emprego é que quase sempre vem acompanhada de uma retórica. Esteja preparado para isso, pois o psicólogo sabe de antemão, ou pelo menos tem uma noção, nesse tipo de pergunta, as possíveis respostas do candidato e sempre vão fazer uma pergunta retórica, quer para extrair mais detalhes ou para ver até onde vai o lado criativo do candidato.

 

A criatividade exagerada, fora da realidade e que não condiz com o perfil que o entrevistado apresenta, pode ser percebida nesses momentos. Seja objetivo e se após a sua resposta vier um “por quê”, responda de forma clara e sem exageros, assim você não corre o risco de errar na dose. No meu caso respondi que os gatos são curiosos e espertos, e que eu gostava de utilizar essas características para poder aprender mais. Não sei se colou, mas pelo menos eu havia respondido.

 

Eu vi no seu currículo que você trabalhou como voluntário, conte-me um pouco dessa experiência.

 

Essa parte da entrevista foi muito interessante porque eu tinha trabalhado como voluntário durante quase dois anos. Eu sempre soube que ajudar o próximo é bom, mas nunca imaginei que isso pudesse reverter a meu favor. Toda ajuda que damos a alguém deve ser livre de interesses pessoais, qualquer religião defende esse dogma. Uma característica do voluntário, digo daqueles que realmente estão interessados em ajudar, é fazer o que se propôs com o objetivo de servir e não de obter vantagens. Felizes são aqueles que conseguem fazer isso de forma altruísta.

 

Minha mãe trabalhou em um albergue, não como voluntária, era funcionária registrada mesmo. Por não ter com quem nos deixar aos sábados, quando a faxina era mais pesada, ela levava a mim e a meus irmãos, ficávamos por lá, mais brincando do que ajudando. Tenho boas recordações dessa época, uma delas ficou registrada em uma fotografia, que embora esteja meio amarrotada e castigada pela falta de zelo, conta um pouco dessa época.

 

Quando eu cresci um pouco mais, isso por volta dos 14 anos, comecei a frequentar o albergue três vezes por semana atendendo ao pedido da administradora do local, que precisava de alguém para ajudá-la, principalmente com trabalho externo, como pagamentos de despesas, por exemplo, uma espécie de office-boy. Como ela já me conhecia, fez o pedido primeiramente a minha mãe. Ao saber que era para trabalhar de graça torci o nariz, mas como eu não ousava desobedecer meus pais, fui meio a contragosto.

 

Eu não recebia nada pelo trabalho, mas ocupava bastante meu tempo, em troca aprendia uma coisa aqui outra ali, além de livrar a merenda. Com o tempo fui me acostumando com esse trabalho e embora eu não precisasse ir todos os dias, quando não estava lá sentia falta. Conheci muitas pessoas naquele albergue e histórias de vida que ajudaram a forjar meu caráter, diminuindo em muito certas necessidades mesquinhas que costumamos cultivar.

 

Quando eu precisei confeccionar meu currículo, pedi a sugestão do contador, pessoa generosa que usava sua estrutura e tempo livre para o voluntariado e de forma abnegada fazia toda a contabilidade da instituição gratuitamente. Como eu mantinha uma excelente amizade com ele, pelo fato de ter ido muitas vezes ao seu escritório, pedi que me ajudasse. Meu currículo não tinha nada de experiência para constar a não ser o estágio, ele então sugeriu que eu incluísse o serviço que eu fazia no albergue como trabalho voluntário.

 

Respondendo a pergunta para a entrevistadora, eu disse que aquele trabalho tinha sido uma experiência muito importante e ter servido como voluntário em um albergue me proporcionou um aprendizado para a vida toda. Eu só havia parado porque o tempo que eu dispunha como voluntário estava conflitando com as tarefas da escola, mas que já estava me preparando para voltar assim que possível, se não fosse naquele local, certamente seria em outra instituição.

 

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