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A coisa degringolou de vez
quando a entrevistadora me pediu para citar um defeito em mim.
Eu nunca pensei que fosse tão difícil, embora eu tivesse um
monte deles. Se ela me pedisse para citar minhas qualidades
seria bem mais fácil. Pensei em dizer, que, um dos defeitos que
eu tinha era o de dormir até mais tarde, mas aí ela poderia
interpretar isso como preguiça e poderia me prejudicar.
Na penúltima semana de curso,
nós tivemos um período que ficou conhecido como “ciclo de
palestras”, uma por dia, 5 ao todo. Uma dessas palestras, que
teve como tema o emprego, foi ministrada por uma psicóloga,
especialista em recrutamento e seleção. Umas das dicas que a
palestrante passou, foi para que não deixássemos nenhuma
pergunta sem resposta na hora da entrevista e a pior forma disso
ficar evidenciado era responder que não sabe, você pode até
dizer que não entendeu a pergunta, mas jamais deixá-la sem
resposta. Embora muita gente diga que não, disse a psicóloga,
você é obrigado a saber as respostas, pois tudo que será
perguntado está dentro de um contexto que faz parte do
recrutamento. Nenhuma pergunta será feita a um candidato fora
das atribuições do cargo pretendido.
Eu tinha de dizer um defeito
que causasse o menor impacto, assim não deixaria a pergunta sem
resposta e não me comprometeria. Pensei e mandei uma qualidade
disfarçada de defeito. Já que a qualidade de uma pessoa pode ser
um defeito em outra, procurei dizer algo que não poderia ser
contestado na essência.
Nosso professor de
Normatização e Legislação, uma das disciplinas do curso, dizia
em sala de aula que uma entrevista de emprego é como uma oitiva
comandada por um delegado. Eu achei a analogia exagerada, embora
a grosso modo possa dizer que é algo bem semelhante. Seria
então, algo como, se eu me saísse bem no depoimento, digo,
oitiva, quer dizer entrevista, a absolvição seria o mesmo que
conquistar uma vaga? Nossa! Quanta bobagem.
A melhor forma de se preparar
para uma entrevista é estar qualificado para a função que
pretende desempenhar na empresa. É importante conhecer
antecipadamente os métodos de avaliação de um candidato, mas é
quase impossível enganar um entrevistador experiente. A
linguagem corporal fala por si e pode trair o candidato em algum
momento. A entrevista é só uma fase do processo de seleção,
outras se seguirão, como o teste psicológico, por exemplo, que
facilmente pode desmentir o que o candidato tentou disfarçar.
Quando os especialistas dão a
dica para sermos naturais em uma entrevista de emprego, quer
dizer para sermos nós mesmos, não adianta o candidato tentar se
transformar naquilo que não é, falar sobre temas que não domina
ou sair completamente do questionamento que está sendo feito.
Quanto mais você aumentar uma resposta, maior a chance de ficar
repetitiva e mais difícil de concluí-la de maneira satisfatória.
Não esqueça que você está sendo observado e analisado o tempo
todo. Se você sair do contexto da pergunta, provavelmente o
entrevistador não irá te interromper, alguns até poderão te dar
corda. Quanto mais material ele tiver para ter a certeza que
pode te eliminar, sem cometer injustiça, pode acreditar, ele vai
buscar.
Muitos
candidatos saem de uma entrevista de emprego certos de que serão
contratados, pois conseguiram arrancar muitos sorrisos do
entrevistador. Quando percebem que foram rejeitados, ficam
frustrados e não entendem o que aconteceu, pareciam ter
agradado. Também pudera, o candidato falou feito uma matraca,
foi até simpático, mas simpatia é uma qualidade, não tem a ver
com competência. As empresas querem, acima de tudo, que o
candidato seja qualificado profissionalmente e que seja capaz de
administrar problemas e principalmente que encontre soluções. A
simpatia é bem-vinda, com certeza, é importante que o futuro
funcionário seja uma pessoa agradável, respeitoso, pontual
etc..., mas há outros aspectos que são decisivos para a
contratação.
A entrevista continuou com uma pergunta
inesperada... Se você fosse um animal, qual você seria?
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