Diz o ditado que nós só
conhecemos uma pessoa após comermos junto com ela um saco de sal
– se o ditado estiver correto levaríamos mais de 16 anos para
comer a nossa metade, isso para dividirmos
igualitariamente na proporção 50/50.
Uma pessoa saudável, segundo
recomendações, deve comer de 4 a 6 gramas/diárias de sal – só
para arredondar a conta vamos ficar em 5/gramas. Um quilo tem
1.000/gramas - uma saca de 60 quilos de sal contém 60.000/gramas
do produto, é muito sal. A nossa metade equivaleria então a
30.000/gramas que consumidas a uma porção de 5 gramas/dia,
seriam 6.000 dias comendo sal junto com uma pessoa
para conhecê-la de fato.
Um ano é igual a 365 dias,
isso quer dizer que 6.000 dias são exatamente 16,438356 anos. Se
fôssemos casados com uma pessoa durante todo esse período, nós
conheceríamos a nossa esposa ou esposo, somente após
comemorarmos as Bodas de Safira ou Turmalina.
O sal já foi moeda-mercadoria
no passado – ter uma saca de sal era como ter um tesouro nas
mãos, tamanha era a sua raridade. Desde as épocas passadas até
hoje o sal é utilizado para conservação de alimentos perecíveis,
como a carne, por exemplo.
Você sabia que a palavra salário vem de sal? Pois é! Agora se
você espera utilizar o sal para temperar a sua vida amorosa,
pode esquecer, pois o sal não é tempero.
Uma comida insossa não é nada
agradável - agora experimente comer uma colher de sopa de sal -
também é horrível, aliás, nem sei se alguém conseguiria tamanha
façanha sem fazer uma careta medonha.
Mas porque
escolheram o sal e não o açúcar? Não é difícil de imaginar – o
sal é bem mais indigesto se for comido in-natura e o açúcar já
foi
gasto na lua de mel, lá no início do casamento.
O sal representaria então as
dificuldades de um casamento? Muito provavelmente seria essa a
intenção do autor do ditado. 16 anos é apenas uma fração de tempo
do que levaríamos para conhecermos uma pessoa, porque às vezes
passamos a vida ao lado de alguém e ainda somos surpreendidos
com algumas atitudes, portanto, eu me atrevo a dizer que jamais
conheceremos totalmente uma pessoa, pelo menos não na sua
essência - no máximo vamos saber das manias, gostos e
preferências pessoais, fruto de uma longa convivência no
casamento, mas isso não significa conhecer e sim que fomos
treinados durante a vida a dois para identificar esses
comportamentos.
As pessoas se utilizam de
máscaras, muitas vezes para se protegerem, noutras porque faz
parte do próprio caráter e quando as máscaras caem, pensamos que
agora sim conhecemos aquela pessoa, mas infelizmente ainda não é
nesse momento.
Eu acho que o sal é bastante
apropriado para descrever as dificuldades da convivência - se você foi capaz de dividir uma saca de sal com alguém, pode
apostar que no mínimo você testou os seus limites.
Aproveitando
essa crônica que
pode servir tanto para mim quanto para qualquer pessoa,
relaciono abaixo todas as bodas
comemorativas de um casamento. Certamente poucas pessoas serão
capazes de passar por todas elas, porém, para aqueles que
conseguirem pelo menos a mais festejada das bodas que é a de
Ouro, pode se considerar um privilegiado,
além de ter
exercitado a paciência
e
comido muito sal
junto da pessoa amada, terá cumprido também um
maravilhoso ciclo matrimonial.
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