Após
tantas informações divulgadas pela mídia sobre a pandemia da
nova gripe, me senti confortável para escrever algo sobre esse
tema tão importante para a população, em especial para os
Técnicos em Segurança do Trabalho que atuam juntamente com o
corpo Médico na prevenção de doenças nas dependências da
empresa.
Quando surgiu
lá no México inicialmente com o nome de Gripe Suína e
posteriormente alterada pela OMS para o nome de
A(H1N1),
parecia algo distante e imaginávamos que essa gripe chegaria ao
Brasil, mas não tão rápida. A imagem de pessoas utilizando
máscaras para se protegerem, assustou o mundo e certamente
ficará marcada na história da humanidade, não só pela doença, mas
por ser a primeira pandemia com cobertura mundial simultânea.
Eu me recordo e
não faz tanto tempo assim, de ficar grudado na televisão para
saber as notícias sobre a nova gripe e de quantas pessoas haviam
sido infectadas a cada dia. Desde o início de sua divulgação até
agosto/2009, mês que eu estou escrevendo esse artigo, se passou
pouco tempo para que essa gripe se instalasse na condição de
pandemia e causasse tantas mortes como vem ocorrendo no mundo e
principalmente no Brasil.
No começo os
infectados eram aqueles que viajaram para as áreas de risco que
se limitavam ao México, Estados Unidos e Canadá. As pessoas que
vinham desses países com sintomas da gripe eram imediatamente
internadas e seus parentes monitorados. O vírus ainda não
circulava no país, pois estava restrito às pessoas que haviam
viajado para aquelas áreas e tiveram resultado positivo no teste
para a Influenza
A(H1N1),
além dos parentes e amigos que tiveram por motivos óbvios, contatos com
essas pessoas. Eu acompanhei alguns pronunciamentos do Ministro
e a grande preocupação do Ministério da Saúde era justamente do
vírus começar a circular pelo país.
Morar no Brasil
dava uma falsa sensação de segurança, e o contágio parecia estar
bem distante. O Ministério da Saúde já tinha alertado que a
chegada do inverno aumentaria consideravelmente o risco de pegar
a nova gripe, pois o inverno é uma época propícia para a disseminação
de doenças, sobre tudo as doenças do trato respiratório. É no
inverno que as pessoas ficam mais próximas e a circulação do ar
em ambientes fechados é menor devido ao frio, especialmente nos
estados da região sul e sudeste. No inverno nós
também tomamos menos água do que nas outras estações, por
conseqüência disso, as mucosas estão mais secas e menos
protegidas.
Os casos da
A(H1N1)
estavam sendo contabilizados no Brasil, até que
surgiram as primeiras mortes na Argentina e Chile. De lá para
cá, o que estamos vendo são pronto-socorros, postos de saúde
lotados e famílias desesperadas por terem a vida de seus entes
queridos sendo ceifadas tão abruptamente.
O que assusta
os médicos é a rapidez com que essa nova gripe evolui no organismo,
deixando a pessoa infectada extremamente debilitada. Após o
surgimento dos primeiros sintomas,
o anti-viral
OSELTAMIVIR(Tamiflu), considerado até o momento o
mais eficiente no tratamento
da
A(H1N1), deve ser ministrado
sob orientação médica. Se passar desse tempo, a medicação
pode não ter efeito, e pior ainda, se for tomado
indiscriminadamente pode fortalecer o vírus, criando uma cepa
mais resistente da qual a medicação que conhecemos não terá mais
efeito. Sabendo disso o Ministério da Saúde está vigilante e
orientando os centros de saúde de cada município sobre a
distribuição para a população de forma criteriosa, justamente
para evitar o uso indiscriminado do medicamento.
A letalidade
da Influenza A(H1N1) tem se mostrado muito parecida com a gripe
normal, e com as primeiras mortes, foi possível identificar um
grupo de risco em que a gripe pode causar complicações, como: mulheres grávidas, crianças,
idosos, obesos, pacientes com doenças crônicas e pessoas com a
imunidade comprometida. Na população em geral, há um grupo menor
de pessoas que pode pegar o vírus e se curar, mesmo sem
sintomas. Um segundo grupo pode pegar o vírus e ter sintomas
moderados da nova gripe e também se curar sem grandes problemas,
já um terceiro grupo pode ter maiores complicações, mas com o
tratamento adequado também se cura. Uma pequena fração de
pessoas que se contaminam podem ir a óbito. A forma de contágio é a mesma da gripe
comum e os sintomas parecidos, veja abaixo:
- Febre acima
de 38º C
- Falta de
apetite
- Cansaço
- Dor de
cabeça
- Ardor nos
olhos
- Tosse
- Dor de
garganta
- Catarro
- Náusea
- Vômito
- Diarréia
- Dores
musculares e nas articulações
O Governo
Federal através do Ministério da Saúde, definiu alguns hospitais
de referência para atender pacientes com sintomas e casos já
confirmados da Influenza A(H1N1), mas com o avanço da doença,
houve a necessidade de ampliar a ação com a participação dos
municípios. Existem alguns protocolos do Ministério da Saúde e
dentre eles eu gostaria de destacar o
Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da
Influenza,
que traz orientações sobre o
PBPPI – Plano Brasileiro de
Preparação para uma Pandemia de Influenza.
Ler os protocolos é necessário, mas o
importante
mesmo é saber a forma com que o seu município está lidando com a
pandemia, por isso os profissionais de saúde da empresa
juntamente com o Técnico em Segurança do Trabalho, devem buscar
informações nas prefeituras sobre o atendimento das pessoas
suspeitas de contaminação, evitando levá-las aos locais errados,
perdendo assim tempo precioso no tratamento.
Para tentar
barrar o avanço da gripe algumas soluções paliativas estão sendo
tomadas como: aumentar o período das férias escolares,
fechamento de creches, restrição de eventos esportivos, cultos
religiosos, além de orientar a população para evitar locais com
muita aglomeração. As soluções apresentadas são temporárias e
não podem ser prolongadas por muito tempo. Algumas orientações
básicas como lavar sempre as mãos evita consideravelmente a
transmissão da doença. Um exemplo bem peculiar e que muitas
pessoas deixam passar despercebido são as idas ao supermercado -
nesses locais além da aglomeração de pessoas, existe o contato
com os carrinhos que carregam as compras, que sabidamente é um
foco de bactérias que podem transmitir não só a gripe, mas
muitas outras doenças.
Escolas,
shoppings, restaurantes e empresas, estão disponibilizando
recipientes com o álcool em gel para que as pessoas façam a
higienização constante das mãos. Outra recomendação é a
utilização de máscara para evitar o contágio, medida que ajuda,
porém é pouco eficaz porque os modelos mais baratos só podem ser
utilizados por pouco tempo. De qualquer forma a população está
sendo informada e procurando seguir as orientações - isso é
positivo e está mudando alguns comportamentos como lavar as mãos
frequentemente, por exemplo, hábito que pode evitar o contágio
da gripe e de outras doenças. Outros comportamentos sociais como
aperto de mãos, abraços e beijos no rosto, devem ser evitados
nesse período de pandemia.
A porta de
entrada da A(H1N1) no organismo é a mesma da gripe comum, ou
seja as vias respiratórias - o contágio se dá através do
espirro, tosse e o contato com essas secreções, evitar tocar os
olhos também faz parte da recomendação.
O que fazer
na empresa?
Apesar da
massiva informação sobre a gripe através de jornais, rádios e
TV´s, cabe ressaltar que a empresa deve promover uma campanha
interna de esclarecimento aos funcionários sobre a forma de
contágio e transmissão da A(H1N1), não só para resguardar a
saúde do trabalhador, mas porque a empresa é a responsável pelo
funcionário em suas dependências. A utilização de cartazes,
folhetos, folders explicativos, recipientes com álcool em gel
para higienizar as mãos e palestras com médicos(as)
infectologistas são as formas mais indicadas. Para os locais da
empresa onde há pouca ventilação e tem problemas com o chamado
“ar viciado”, é uma boa oportunidade para fazer modificações no
layout e melhorar a circulação do ar no ambiente. O exaustor
eólico é uma saída barata por ser simples de instalar e de não
possuir gastos com energia, somente com manutenção. A troca de
ar no ambiente de trabalho é importante para a saúde do
trabalhador e evita vários problemas de saúde. Cada local de
trabalho deve ser avaliado adequadamente para ver onde e quais
as mudanças deverão ser implementadas.
Os cuidados
devem se estender aos sistemas de ar condicionado com a limpeza
de dutos e trocas de filtros. Para uma melhor avaliação, podem
ser coletadas amostras de material desses locais e enviá-las
para um laboratório, medida importante para verificar qual o
tipo de bactéria que está circulando no ambiente e a
concentração dos níveis de gás carbônico eliminado pela
respiração.
Se a pandemia
de gripe A(H1N1) infectar grande parte dos trabalhadores, pode
ocorrer um prejuízo incalculável na produção, afetando o caixa
da empresa, por esta razão é necessário estender as orientações
aos funcionários, sobre a maneira de se comportar no trajeto da
casa para o trabalho e vice-versa. Para os funcionários que utilizam
transportes públicos, a orientação deve ser focada na facilidade com
que pode se pegar a nova gripe em ambientes fechados e com pouca
ventilação. Esclareça aos funcionários que as mãos facilitam a entrada do vírus para dentro do organismo, dessa
forma, não é conveniente ficar colocando as mãos na boca nem
coçar o nariz, após ter tocado nas barras de apoio dos ônibus.
É necessário
informar aos funcionários que estejam com os sintomas da nova
gripe, para utilizarem um lenço ou as próprias mãos quando forem
tossir ou espirrar, se não for possível, que utilize a própria
roupa, como a manga da camisa ou blusa - isso impede que as
secreções sejam dispersadas no ambiente, diminuindo o risco da
transmissão para outras pessoas.
Oriente os
funcionários de uma forma a deixar bem claro que se estiver na
empresa e sentir os primeiros sintomas, para comunicar
imediatamente o Médico, Enfermeiro, Auxiliar de Enfermagem ou o
próprio Técnico para que sejam tomadas as medidas necessárias –
se estiver na residência, o funcionário deve procurar um centro de saúde de
referência para o diagnóstico e tratamento, aliás, o próprio
Técnico poderá deixar a informação desses locais no quadro de avisos da empresa.
A prevenção
pautada no esclarecimento ainda é a melhor maneira de evitar o
contágio e transmissão da nova gripe, pelo menos até que passe essa pandemia
ou uma vacina esteja disponível. |